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Implicações financeiras e outros riscos e oportunidades decorrentes de mudanças climáticas

O caráter renovável da energia gerada em Belo Monte e sua inserção na Amazônia fazem do combate às mudanças climáticas um tema material estratégico para a companhia e, portanto, estão presentes nos processos de análise e tomada de decisão da alta gestão.

As diretrizes relacionadas ao clima fazem parte da nossa Política de Sustentabilidade e a Superintendência homônima é a responsável por levar à Diretoria Executiva e ao Conselho de Administração os desdobramentos dos compromissos, iniciativas e ações que contribuam para o combate às mudanças do clima.

A estratégia climática da Norte Energia, por sua vez, avançou e, em 2023, demos continuidade ao processo de elaboração do Plano de Descarbonização e Combate às Mudanças Climáticas, considerando a gestão, o monitoramento e a coleta de dados para contabilização das emissões de GEE, o que possibilitará o estabelecimento de metas baseadas na ciência e aderentes aos compromissos da Agenda 2030 da ONU.

As condições climáticas podem causar impacto na operação de Belo Monte, em especial, se vierem a provocar baixas vazões no rio Xingu. Uma redução no nível de água afetaria diretamente a capacidade de geração de energia do empreendimento.

Por esse motivo, em nossa Matriz de Riscos, identificamos os seguintes fatores de risco no âmbito das mudanças climáticas:

  1. Impactos na vazão do rio Xingu dissonantes dos previstos em estudos hidrológicos que subsidiaram a geração e a garantia física da UHE Belo Monte;
  2. Limitação operacional causada por restrição ambiental decorrente de mudança do clima;
  3. Descargas atmosféricas que afetem a operação;
  4. Cheias ou secas extremas, que impactem as barragens;
  5. Reporte dos aspectos dos riscos climáticos, que impactem imagem e reputação;
  6. Os múltiplos usos da água e os diversos interesses relacionados a esse recurso natural.

Durante o ano de 2023, o projeto de PDI Aneel PD-07427-0222/2022, intitulado “Caracterização de eventos extremos de precipitação em bacias do SIN e projeções futuras com base em cenários de mudanças climáticas”, alcançou progressos em direção aos seus objetivos de identificação, análise e projeção de extremos climáticos nas bacias hidrográficas brasileiras.

O projeto avançou na identificação de extremos climáticos para as 115 bacias hidrográficas afluentes às usinas hidrelétricas que compõem o SIN, com foco especial na bacia do Xingu. Ao utilizar técnicas de Inteligência Artificial, especialmente de machine learning, como ferramenta de suporte, a análise abrangeu fatores naturais, como os fenômenos El Niño e La Niña, e fatores antrópicos, como as mudanças no uso do solo e a construção de reservatórios.

A partir da verificação da relação entre eventos extremos de vazão e precipitação, juntamente com fatores naturais e antrópicos, foram identificadas tendências nas séries de vazões e no uso do solo. As correlações mais significativas foram encontradas entre a severidade da seca e a taxa mínima anual de vazão, indicando que uma diminuição na vazão mínima natural está associada a um aumento nos eventos extremos de seca. Além disso, ao considerar a influência dos fatores antrópicos, a análise da correlação entre usos do solo, como o desmatamento e a conversão de áreas em agropecuária, sugere que essas alterações estejam contribuindo para a diminuição da vazão nos locais modificados.