No âmbito do licenciamento ambiental da Belo Monte, as medidas de mitigação de impactos sobre a biodiversidade são executadas por meio dos Planos de Conservação dos Ecossistemas Terrestres e Ecossistemas Aquáticos. Esses planos incluem programas de monitoramento faunístico e florístico, com foco na identificação de espécies e mapeamento de hábitats, com especial atenção às espécies raras, endêmicas e ameaçadas 

As campanhas realizadas em 2024 apontaram que os ecossistemas terrestres e aquáti­cos, estão dentro das magnitudes previstas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA). 

A biodiversidade na área de influência Usina Hidrelétrica Belo Monte é notável. Desde o início dos projetos de monitoramento da fauna, em 2012, foram realizadas mais de 20 campanhas e registradas 825 diferentes espécies, incluindo anfíbios, répteis, aves, mamíferos de médio e grande porte e quirópteros. 

Entre os registros mais siginificativos estão espécies emblemáticas, como o cachorro-vinagre (Speothos venaticus), a queixada (Tayassu pecari), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), o tatu-canastra (Priodontes maximus), o jupará (Potos flavus), o quatipuru (Guerlinguetus gilvigularis) e o macaco-aranha (Ateles marginatus). 

As ações de monitoramento aliam tecnologia de ponta com o conhecimento tradicional das comunidades locais e o apoio técnico de especialistas de instituições de ensino e pesquisa da região. Os dados gerados são essenciais para a conservação da fauna, especialmente de espécies ameaçadas e daquelas que indicam a qualidade ambiental dos habitats. 

Monitoramento e proteção de quelônios 

Até 2024, mais de 6,4 milhões de filhotes de quelônios, tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa), pitiú (P. sextuberculata) e tracajá (P. unifilis) foram protegidos nas regiões do Tabuleiro do Embaubal, de Volta Grande do Xingu e do Reservatório do Xingu, por meio das ações do PBA. Nos últimos três anos, foram contabilizados 511.898 filhotes em 2022, 217.437 filhotes em 2023 e 293.295 filhotes em 2024.

No Trecho de Vazão Reduzida (TVR), os estudos também indicam melhora na condição corporal dos animais e manutenção das populações desde o período pré-enchimento. 

Projeto Tartarugas do Xingu 

O Projeto Tartarugas do Xingu se trata de uma ação voluntária realizada na REVIS Tabuleiro do Embaubal, com apoio do Ideflor-Bio e do CREAX. Na temporada reprodutiva de 2024/2025, o projeto envolveu 125 participantes, incluindo estudantes de escolas públicas e colaboradores da Norte Energia. Ao todo, 61.357 filhotes foram resgatados de áreas de risco e soltos em locais com melhores condições de sobrevivência, promovendo sensibilização e educação ambiental junto às comunidades.  

 

Monitoramento e proteção da ictiofauna  

As ações voltadas à ictiofauna são estruturadas por meio do Programa de Conservação da Ictiofauna, composto pelos seguintes projetos: 

  • Projeto de Resgate e Salvamento da Ictiofauna; 
  • Projeto de Implantação e Monitoramento de Mecanismo para Transposição de Peixes; 
  • Projeto de Monitoramento da Ictiofauna; e
  • Projeto de Incentivo à Pesca Sustentável. 

  

Projeto de Resgate e Salvamento da Ictiofauna  

Em 2024, foram resgatadas 122 espécies, somando 3.407,65 kg de peixes vivos, nas áreas monitoradas do TVR, em reservatórios, no canal de derivação e em igarapés urbanos. Desde 2018, Belo Monte conta com grades anticardume, que impedem a entrada de peixes nas turbinas.  

Projeto de Monitoramento de Mecanismo para Transposição de Peixes

O Sistema de Transposição de Peixes, em operação contínua desde 2016 e monitorado pela UFPA, registrou, entre 2016 e 2024, 110 espécies em seu interior, representando 69,2% da riqueza de espécies identificadas na região. Para saber mais, clique em: <https://www.norteenergiasa.com.br/uhe-belo-monte/complexo-hidreletrico/sistema-de-transposicao-de-peixes 

Projeto de Monitoramento da Ictiofauna  

Também executado pela UFPA, o projeto chegou à sua 52ª campanha em 2024, com 377.791 indivíduos amostrados, abrangendo 436 espécies em 13 anos. A modelagem HMSC (Modelagem Hierárquica de Comunidades, na tradução livre para o português) revelou alterações na ocorrência e abundância de várias espécies, mas sem registros de extinção. O estudo do ictioplâncton revelou 93 táxons reprodutivos durante o período de cheia de 2024. 

Projeto de Incentivo à Pesca Sustentável  

O projeto de monitoramento pesqueiro, coordenado pela UFPA, acompanha desde 2012 as atividades de pesca comercial, de subsistência e de aquariofilia ao longo de aproximadamente 800 km do rio Xingu, abrangendo desde Gurupá até São Félix do Xingu, incluindo o rio Iriri. A iniciativa também analisa dados sobre pesca e caça nas Terras Indígenas Paquiçamba e Arara da Volta Grande do Xingu. As informações coletadas subsidiam ações de mitigação e apontam melhorias nas condições de vida das famílias pescadoras. O monitoramento social revela a redução do percentual de pescadores vivendo abaixo da linha da pobreza, de 19,4% em 2017 para 11,4% em 2024, além do aumento do Índice de Desenvolvimento Familiar, que passou de 0,55 para 0,64 no mesmo período. 

 

Tema Material: Biodiversidade
Tipo indicador (Classificação):
ODS: Compute website-generic Website (Generic) image/svg+xml Amido Limited Richard Slater
SASB (Cód / Setor)
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Partes Interessadas: Comunidade ribeirinha, Extrativistas, Órgãos fiscalizadores, Órgãos reguladores, Pescadores, Povos indígenas